Labirinto
Abarco as ausências como quem abraça o silêncio. Construo palavras, pontes entre mim e os outros. Explico-me, redefino-me. Reinvento-me. Apago-me inteira. Quem era, deixei de ser há muito. Aos poucos morri dentro de mim E renasci menos eu. Outrora conheci medos e sentimentos que me corroeram o coração. Sentia toda a intensidade lavar-me, era imensa e sabia tocar a parte mais suave da alma. Hoje sou apenas parte do que fui. E nessa parte, escondo-te. Na tua mente, existe um labirinto. Vejo-te percorre-lo tantas e tantas vezes. Escondo-te. Guardo-te, recluso no coração. E esqueço-te. Dentro do ventrículo. Não fales. Não sussurres. Não sonhes. Quem era, deixei de ser há muito. Morri dentro de mim.