As pessoas que conheci disseram-me que o silencio é temido e evitado a todo o custo em qualquer corte que se preze. Todos os cavaleiros que erguiam as suas espadas em defesa do reino sabiam que não se podia deixar navegar o silêncio. Era no silêncio que viviam todos os enganos. Era no silêncio que habitava o estranho conhecimento. Aquele vago saber que ninguém deveria tocar. O som da musicalidade secreta. O violino sempre ausente na orquestra da corte. Todas as damas que se prezavam sabiam e tomavam por certo que o silêncio não era para ser mencionado no chá da rainha. Cada camponês honesto e ignorante sabia, mesmo sem saber contar ou ler, que o silêncio era o o inimigo de todos os bons homens, daqueles que nascem e morrem sem qualquer momento para assinalar. O Rei sempre afirmou que o silêncio era morada de vícios e terríveis pecados. Só o menino da estrebaria não se lembrava desse ensinamento essencial à sobrevivência. Umas vezes conversava com os cavalos. Out